A chance de jogar tênis

José Tejada
17 de mar. de 2021
3 min de leitura

Já escrevi várias vezes que sou imensamente grato aos meus pais, pela educação e formação que me proporcionaram em vida, além do maravilhoso exemplo em vida que me deram.

O fato é que meu pai me deu a grande oportunidade de jogar tênis desde os meus nove anos de idade. Foi ele que comprou a minha primeira raquete de madeira da Bohrer e me colocou para ter aulas de tênis.

A verdade é que esse esporte mudou completamente a minha vida em todos os sentidos. Com certeza, o tênis foi uma das melhores “escolas” que tive a oportunidade de frequentar, pois aprendi muito sobre a vida, sendo um jogador de competição.

O tênis me ensinou, em primeiro lugar, que preciso me esforçar para conseguir alcançar os meus objetivos, pois nada vem de graça, essa é a verdade, a não ser que você nasça em “berço de ouro” (família rica).

O tênis, também, me mostrou, desde cedo, que preciso ser resiliente (resistir as porradas inevitáveis), pois nada vai bater tanto como a vida, aliás, muitas vezes, a vida vai ser muito injusta com a gente e, por isso, precisamos saber enfrentar as barras inevitáveis que surgirão em nosso caminho.

O tênis, também, me proporcionou o meu primeiro emprego formal como professor. Foi uma ótima experiência em todos os sentidos, pois, a partir daí, eu comecei a ter meu próprio dinheiro.

Além disso, o tênis, talvez tenha me proporcionado as maiores alegrias da minha vida, pois ganhei torneios que, simplesmente, nunca imaginei vencer em meus sonhos, essa é a grande verdade.

Por isso, às vezes, me dá uma grande tristeza que muitas pessoas não tenham a chance de jogar esse maravilhoso esporte, que tanto me ensinou e ainda me ensina.

Tenho uma imagem em minha memória que me veio à mente esses dias. Eu estava começando a dar aulas de tênis, quando vi uma menininha do lado de minha quadra de tênis no São Leopoldo Tênis Clube. Essa menininha se chamava Lisa e era filha da secretária do clube na época, a Cristina (excelente secretária, diga-se de passagem).

A Lisa era uma menininha adorável em todos os sentidos. Ela estava com uma pequena raquete me olhando e dizendo que queria jogar comigo. Eu sorri para ela, mas naquele momento era impossível, pois eu tinha meu horário completo de aulas à tarde (não tinha nenhuma folga).

Para piorar, infelizmente, eu nunca consegui ensinar algo para a Lisa numa quadra de tênis, pois somente, de vez em quando, ela vinha acompanhar a sua mãe no clube (esse é um grande arrependimento que carrego em minha vida). Em função disso, fico triste, pois eu sei que a pequena Lisa nunca teve a chance de aprender a jogar tênis, pois, esse esporte não é acessível a maior parte da população brasileira infelizmente.

Fico pensando que esse esporte poderia ter feito toda a diferença na vida da Lisa, como fez na minha. Aliás, esse sentimento de tristeza, também, está presente no caso de minha filha Sofia, mas, pelo menos nesse caso, eu tentei dar a chance, mas infelizmente, não foi possível por influência de outras pessoas que nem vale a pena comentar nesse momento.

A realidade é que todas as pessoas precisam de uma oportunidade (chance) para mostrar os seus talentos e, nem sempre, essa oportunidade aparece na vida delas.

Eu, felizmente, tive essa grande chance e, por isso, sou extremamente grato ao meu pai que se sacrificou, de todas as formas, para me apoiar no tênis, essa é a verdade. Ele não se importou em sacrificar muitos finais de semana para me acompanhar nos torneios, além de sempre me orientar dentro e fora da quadra. Tenho a convicção que sem a presença de meu pai, com certeza, eu não teria passado de um tenista medíocre, na melhor das hipóteses.

Onde você estiver nesse momento, meu querido pai, envio a minha eterna gratidão e agradecimento por ter feito tanto por mim em vida.