A menina da sinaleira
- José Tejada
- 31 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Quando cheguei à Sucre (Bolívia) na quarta passada, a primeira coisa que fiz foi ir, como de costume, ao santuário de Nossa Senhora de Lourdes, de quem sou muito devoto.
Depois de rezar e de sentir toda aquela energia especial daquele santuário, que fica ao lado do Parque Bolívar, saí para dar uma volta na cidade, quando vi, em uma sinaleira, uma menininha, com sua cestinha entre os carros, vendendo alguma coisa. Essa cena, inicialmente, me entristeceu sobremaneira, pois era uma criança muito pequena, com certeza, já lutando pela sobrevivência de sua família.
Porém, essa menininha tinha uma força de vontade admirável, analisando a sua linguagem corporal. O fato é que ela ia de carro em carro oferecendo o que vendia. Além disso, ela era ágil e tinha uma certa altivez, o que demonstrava que confiava em si própria. Aliás, no seu rostinho não pude notar nenhuma espécie de desânimo.
Inclusive, ela me passou a ideia que levava muito a sério o que fazia, sempre se esforçando para vender o seu produto.
Fiquei refletindo sobre aquilo que acabara de ver e me senti bastante triste inicialmente, porém, por outro lado, aquela menininha conseguiu me inspirar fortemente.
Ela me mostrou que, independentemente do que possa acontecer em nossa vida, precisamos continuar lutando sempre, mantendo a nossa cabeça erguida e a guarda levantada, como um bom boxeador, pois a vida, em algum momento, pelo menos, poderá nos testar fortemente.
Mais do que tudo, essa menininha me mostrou que nunca podemos desistir, apesar das dificuldades (precisamos cultivar a resiliência). Atravessei a rua, me afastando daquela sinaleira, mas, a cena daquela menininha, até hoje, não sai da minha cabeça.
Logicamente, nessa semana que estive em Sucre, resolvi voltar, algumas vezes, àquela esquina, mas, infelizmente, eu não vi mais essa menininha, que tanto me inspirou em todos os sentidos.
Se eu a tivesse encontrado novamente, eu, com certeza lhe diria que admirava muito a sua atitude. Eu diria, também, a ela que tinha a certeza de que iria muito longe na vida, pois, muito poucas pessoas não se abatem com as dificuldades enfrentadas em tão tenra idade.
Concluindo, fiquei muito triste em não conseguir reencontrar essa menininha em Sucre, mas, acima de tudo, estou muito grato a ela, por ter me ensinado que a única coisa que temos o mais absoluto controle, é a nossa força de vontade de lutar, por aquilo que almejamos; isso ninguém pode nos tirar, aconteça o que acontecer. Pense nisso.
José Tejada
Professor universitário, psicanalista, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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