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A vendedora de cocadas

  • Foto do escritor: José Tejada
    José Tejada
  • 21 de jul. de 2022
  • 2 min de leitura

Em minhas últimas férias fui à Salvador, revisitar as suas belas praias. Infelizmente notei, de uma forma geral, um baixo fluxo de turistas.

Para exemplificar, estive duas vezes no Pelourinho durante o dia e, muito pouca gente circulando pelas ladeiras de um dos principais pontos turísticos de Salvador e do Brasil, em plena época de férias. Aliás, penso que tinha mais policiamento do que turistas efetivamente.

Logicamente, havia muitos vendedores ambulantes e guias registrados pela prefeitura “lutando” pelos poucos turistas presentes.

O fato é que sempre que viajo no Brasil, procuro analisar como está a situação de nosso país para as pessoas menos favorecidas, que são a grande maioria da população.

E dessa vez o que mais me chamou a atenção foi uma vendedora de cocadas numa praia chamada Guarajuba (perto da badalada praia do Forte).

Depois de comer um acarajé em uma barraca, almocei em um restaurante na beira da praia.

Eu já tinha terminado a minha refeição, quando vi uma moça circulando entre as mesas do restaurante vendendo cocadas. Inicialmente, me chamou a atenção que essa moça tinha um semblante muito triste (o que não é comum no povo baiano que é alegre por natureza).

Um tempo depois, vi uma menina também vendendo as mesmas cocadas entre as mesas do restaurante. Ela também não tinha um semblante alegre.

Quando fui ao banheiro desse restaurante, vi a moça e essa menina sentadas na calçada com as suas cocadas (penso que era mãe e filha).

Aquela cena me entristeceu, pois vi que o cesto de cocadas estava cheio. Parecia que não tinham vendido nenhuma cocada sequer para os frequentadores desse restaurante. Por isso, peguei R$ 5,00, que era o preço da cocada, e fui até elas. Não quis ficar com a cocada e disse que esse “dinheiro” era para ajudar um pouco. A moça me olhou, ainda com o olhar triste e, timidamente, me agradeceu.

Voltei a mesa e fiquei refletindo. Pensei um pouco, peguei uma cédula na minha carteira, voltei ao lugar onde elas estavam e dei esse dinheiro. Ela me olhou, finalmente, sorriu e me disse: Deus lhe abençoe!

Naquele momento, eu queria muito lhe dizer algo, com o intuito de melhorar um pouco o seu dia, mas, infelizmente, não consegui dizer sequer uma única palavra. Talvez, eu tenha ficado muito tocado em ver, pela primeira vez, um sorriso nessa vendedora de cocadas que, com certeza, luta diariamente com muita dignidade e coragem, pela sua sobrevivência.

O fato é que aquela vendedora de cocadas me ensinou que mesmo, algumas vezes, estando tristes e abatidos, não podemos deixar de lutar pelos nossos objetivos (por dias melhores).

Além disso, essa vendedora me ensinou, também, que não podemos esmorecer, mesmo atravessando períodos, onde o desalento parece nos acompanhar diariamente.

Acima de tudo, essa vendedora me ensinou que preciso valorizar muito cada momento da minha existência e a nunca reclamar de nada, pois minha vida me proporcionou muito mais do que eu esperava em todos os sentidos.




José Tejada


Professor universitário, psicanalista, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite

 
 
 

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