Coleguismo no ambiente de trabalho
- José Tejada
- 25 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
No dicionário, a palavra coleguismo significa sentimento ou espírito de camaradagem, de solidariedade e lealdade para com os colegas, valores que, de uma forma geral, são raros em nossa atual sociedade.
Passando a limpo minha carreira profissional posso dizer que, sem dúvida nenhuma, trabalhar em uma organização em que o coleguismo impera é mais do que gratificante em todos os sentidos.
Tenho ótimas lembranças de empresas em que eu tive verdadeiros colegas na exata acepção da palavra e, mesmo não sendo bem remunerado, eu gostava do meu trabalho, pois a atmosfera social e psicológica era muito agradável (saudável).
O fato é que o sucesso de qualquer organização está ligado intimamente ao trabalho em equipe e numa verdadeira equipe, um ajuda e apoia o seu colega em prol dos objetivos organizacionais.
Esse espírito de união e solidariedade é fundamental, pois o sucesso de qualquer empresa é construído por sua equipe de trabalho, onde, diga-se de passagem, o líder exerce um papel fundamental, pois a sua competência (talento) precede o excelente trabalho de equipe.
Nesse contexto, foi extremamente importante a conclusão da famosa experiência de Hawthorne, realizada por Elton Mayo.
Esclarecendo, isso não quer dizer que meus colegas sejam meus amigos particulares, porém o espírito de união e solidariedade deve permanecer em detrimento das preferências pessoais no ambiente de trabalho. Na realidade, ser colega é ser profissional acima de tudo, ou seja, ser sempre colaborativo, estar à disposição, pensando coletivamente e prezando pelos resultados da empresa, ou seja, em última análise, pela meritocracia.
Além disso, é muito importante pensar a empresa de uma forma sistêmica, ou seja, temos que ter em mente que todos os departamentos são importantes e desempenham uma função necessária (estratégica) para o sucesso da organização.
A verdade é que é extremamente motivante trabalhar em uma organização em que eu tenha verdadeiros colegas, ou seja, onde eu possa contar com qualquer ajuda ou auxílio quando eu precisar e vice-versa.
Infelizmente, em “algumas” organizações impera uma grande fogueira de vaidades (egos inflados), onde cada departamento ou pessoa se julga mais importante (competente) do que o seu colega. Nesse contexto, as pessoas têm um pensamento individual, ou seja, somente defendem os seus próprios interesses ou os interesses de seu departamento (chefe).
O coleguismo nesse tipo de organização é uma grande ilusão, fantasia ou quimera, pois o que prepondera é o interesse individual (egoísta e narcisista, por excelência).
Logicamente, nesse tipo de empresa, existe uma diretoria (direção) que somente vai defender os seus interesses particulares (de seus membros e agregados ou bajuladores) e ponto final!
De outra forma, essa organização se comportará como uma corporação que defenderá com “unhas e dentes” o seus interesses pela manutenção (perpetuação) no poder, independentemente dos interesses da empresa, que ficarão em segundo plano.
Talvez, algum leitor esteja pensando que estou descrevendo uma típica organização pública, onde, quase sempre, o fator político é mais do que preponderante, mas, na verdade, em quase todas as empresas privadas em que pude atuar, percebi, que o fator político, por ser um aspecto cultural incrustado em nossa sociedade (antimeritocrática por definição), quase sempre, foi dominante.

José Tejada
Professor universitário, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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