Excelência ou incompetência?
- José Tejada
- 2 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
Havia um colaborador na empresa que era extremamente dedicado às suas tarefas e trabalhos. O fato é que esse colaborador sempre estava procurando, de todas as formas, melhorar o seu desempenho.
De outra forma, ele era um eterno insatisfeito com a sua própria competência. Em função disso, ele sempre estava, lendo, estudando e fazendo cursos para melhorar a sua performance profissional.
A realidade é que esse colaborador era extremamente dedicado, inclusive, sempre levando muito trabalho para casa, o que ocasionava muitas reclamações de sua esposa e filhos, pois eles acreditavam que ele se dedicava demasiadamente à empresa, deixando de lado a sua vida pessoal.
Logicamente, com o tempo, os clientes da empresa, seus colegas e, também, a chefia começaram a notar que ele era um verdadeiro talento, muito diferente da maioria dos colaboradores que eram medíocres.
Aliás, a partir do reconhecimento dos clientes que sempre o procuravam, os seus colegas, sua chefia e, até a diretoria, começaram a ter um sentimento de inveja para com esse colaborador. Na verdade, todo o seu sucesso (reconhecimento) profissional começou a gerar muito ciúme e, por isso, a empresa resolveu não promover esse colaborador.
Sim! E o pior: ele via uma quantidade enorme de colegas (muito menos competentes do que ele) subindo na hierarquia da empresa. Inclusive, alguns acabavam virando seu chefe (risos).
Mesmo, com toda essa situação, esse colaborador continuava mantendo esse desempenho excelente, pois acima de tudo, ele amava o seu trabalho.
Além disso, ele não se importava muito com todo o reconhecimento (prêmios) que ele tinha obtido. Para ele, a questão de excelência era uma satisfação íntima (pessoal) e não uma necessidade do ego (de reconhecimento).
Como a empresa não queria demiti-lo, pois não encontrava uma justificativa, ao menos, plausível, a sua chefia (com o aval da diretoria, logicamente) começou a boicotar, de todas as formas, o seu trabalho.
Para ser mais exato, a sua chefia o colocou na “geladeira”. De outra forma, esse colaborador só era incumbido de trabalhos fáceis e sem muita importância para que ele não fosse mais notado e, muito menos, reconhecido.
Logicamente, esse colaborador começou a se desmotivar, pois ele gostava muito de ser desafiado; ele, na verdade, amava estar em constante aprendizado (desenvolvimento).
Por isso, ele começou a ter um sentimento de revolta com o comportamento da empresa que nunca, na verdade, tinha realmente reconhecido o seu excelente trabalho. Com isso, a qualidade de seu trabalho começou a ficar comprometida.
Aliás, esse colaborador começou a agir como a maioria de seus colegas que eram somente medíocres (desempenho médio).
Em função disso e da “geladeira” imposta, ele não foi mais reconhecido e, muito menos, premiado. Com o tempo, ele se tornou um colaborador comum. Um colaborador que não mais chamava à atenção pela sua performance ou desempenho. Ele, na verdade, por mais incrível que pareça, estava estacionado na sua zona de conforto.
A partir daí, o comportamento de seus colegas e chefia mudou. Sim, ele começou a fazer “parte da turma”, digamos assim. Todo aquele ciúme e inveja se dissiparam e ele começou a ser aceito, pois ele havia se tornado, também, um colaborador medíocre, como os seus colegas e chefes.
Inclusive, até a diretoria começou a olhá-lo com outros olhos. A partir daí, pasmem; ele começou a ser promovido. Sim! Por se tornar medíocre, ele começou a ser reconhecido e a sua ascensão na empresa se iniciou.
Aliás, tanto os seus colegas, quanto os seus chefes acabaram se identificando com ele e “reconhecendo” o seu “trabalho”.
Ele, em pouco tempo, foi galgado a um cargo de gestão. Seu salário cresceu exponencialmente e a sua família estava muito feliz, pois ele nunca mais tinha levado trabalho para casa, como, também, não mais estava preocupado em ler, estudar ou mesmo, aprender algo novo para melhorar a sua performance.
Ele estava “de boa”, digamos assim. Porém, no seu íntimo, uma pergunta precisava ser respondida: O que vale mais? A excelência ou a incompetência?
Talvez, essa parábola possa ser considerada absurda em certo aspecto, mas em um ambiente, onde a meritocracia não é levada em conta, com certeza, ela pode retratar a mais pura e triste realidade!

José Tejada
Professor universitário, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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