Medo e receio de subir a “montanha”.
- José Tejada
- 11 de mar. de 2023
- 3 min de leitura
Nunca me esqueci de quando, pela primeira vez, corri na altura de Sucre (2800 m).
Na época, viajava com minha mãe, isso há mais de vinte anos atrás. O fato é que eu estava bastante curioso para saber os verdadeiros efeitos da altitude, quando eu estivesse realizando um exercício físico.
Então, numa tarde, sai para dar finalmente a minha corrida na altura de Sucre. Saí do hotel e fui descendo até o Parque Bolívar. Como era descida, tudo bem. Aliás, mesmo no plano, não sentia cansaço. Cheguei numa avenida (Del Maestro) que era uma subida que iria dar na frente do Estádio Pátria.
Comecei a subir a ladeira. No início, já notei que o cansaço começou a aparecer identificado pela falta de ar (o ar se torna mais rarefeito na altura). Mas, mesmo assim, pensei: não vou desistir, quero chegar até o estádio que fica no alto dessa colina. E foi assim, lutando contra o cansaço cada vez maior e subindo essa avenida que parecia não ter fim.
Depois de um enorme esforço e quase esgotado pela falta de ar, cheguei ao Pátria.
A verdade é que eu sentia que o meu coração iria sair pela boca de tão acelerado que estava (eu podia sentir os batimentos em meu peito).
Atravessei a avenida quase rastejando (risos) e fui ainda correndo (bem devagar) em volta do estádio para tentar recuperar um pouco o fôlego perdido.
Dei a volta no estádio e, depois de recuperar um pouco o fôlego, desci novamente a avenida finalizando minha corrida.
No dia posterior repeti o trajeto e me senti um pouco menos cansado, eu diria. Já no terceiro dia, consegui subir aquela “montanha” sem me desgastar tanto. A realidade é que o meu corpo já estava se adaptando à altitude.
Nas minhas últimas férias, consegui retornar à Sucre. Logicamente, planejei correr durante a minha estada na capital boliviana.
No primeiro dia, caminhei bastante, revendo os principais pontos turísticos de “la ciudad blanca de América”.
No segundo dia, pela manhã, calcei meus tênis de corrida e, antes do café no hostal, sai para dar minha primeira corrida, na altura, depois de tanto tempo. Corri um tempo menor do que estou acostumado a correr para ir testando meu organismo na altura.
Já no terceiro dia, cheguei ao parque Bolívar e fiquei em dúvida se subiria ou não, correndo, a Avenida Del Maestro. Pensei, por uns segundos, e arrisquei.
O fato é que tenho consciência que não sou mais jovem para encarar qualquer desafio físico. Por outro lado, conclui que, se eu me sentisse muito cansado, eu simplesmente, daria meia-volta e desceria a avenida (o que não me agradaria muito).
Comecei a subida e me dei o trabalho de ir contando os quarteirões que eu ia vencendo na avenida. Por mais incrível que pareça, consegui subir a avenida e chegar ao Pátria, não muito cansado (inacreditável).
Aliás, isso foi uma enorme surpresa em todos os sentidos para mim.
O fato é que, em meu íntimo, eu tinha, quase a certeza, de que eu não conseguiria mais subir a avenida (por isso fui contando os quarteirões).
O grande ensinamento que tive naquela manhã fria em Sucre, foi que, às vezes, nós mesmos, não sabemos do que efetivamente somos capazes, independentemente das circunstâncias envolvidas.
A grande verdade é que, muitas vezes, nem nós podemos prever com exatidão o nosso verdadeiro potencial (onde podemos realmente chegar).
Mais do que isso, quase sempre, não conhecemos a nossa verdadeira capacidade (força).
Finalizando, eu posso lhe garantir que você pode muito mais do que pensa em todos os sentidos (acredite nisso), para tanto, esteja disposto a enfrentar os desafios da vida, afinal, quando vencemos os mesmos, ficamos extremamente realizados e felizes.
A propósito, a avenida Del Maestro possui oito quarteirões.

José Tejada
Professor universitário, psicanalista, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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