“Não lave as mãos!”
- José Tejada
- 12 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
Em um momento de tantas dificuldades por que passa o mundo é interessante perceber como as pessoas reagem a todas essas dificuldades impostas à nossa sociedade, de uma forma geral, por essa pandemia.
Desde pequeno, eu tive a ideia de ajudar as outras pessoas de alguma forma. Talvez, por isso, eu tenha me tornado um professor.
Lembro-me ainda hoje conversando com minha mãe. Na época, eu ainda não lecionava. Eu dizia: “Sabe mãe, meu sonho ainda é dar aula em cima de um barco para alunos pobres no rio Amazonas”.
Ela, embora fosse extremamente altruísta, me perguntava se eu estava me sentindo bem depois de ouvir o que eu tinha dito (risos). O mais interessante é que eu falava aquilo de coração. Sempre foi muito importante para mim, poder ajudar outras pessoas.
Aliás, justamente, quando comecei a lecionar em escola pública, consegui perceber, com enorme clareza, as enormes dificuldades de toda a ordem que os professores e os alunos enfrentavam, mas, por outro lado, eu estava muito feliz em poder retribuir à sociedade, de alguma forma, a chance que tive de estudar.
Logicamente, nessa época, eu nem imaginava o rumo que as coisas iriam tomar em minha vida, com relação à docência, mas, hoje, preciso confessar que essa vontade de dar uma aula no rio Amazonas, ainda não passou por completo (risos).
O mais gratificante (tocante) é que, nesse ambiente de escola pública, pude notar como as pessoas eram solidárias umas com as outras.
O fato é que quase todo mundo queria ajudar de alguma forma, mesmo não tendo muitas condições para tal.
Verdade. Percebo de uma forma geral, que as pessoas mais solidárias são as que estão passando ou já passaram por inúmeras dificuldades. Talvez, a sua empatia tenha sido aguçada justamente pelas agruras enfrentadas em sua vida.
E quem ainda não lecionou em escola pública, talvez, não faça ideia das dificuldades enfrentadas em todos os aspectos, principalmente em nosso país (3º mundo).
Tristemente, muitos alunos só vinham para a aula pela merenda, que, muitas vezes, era a única refeição do dia ou porque gostavam do professor que, talvez, fosse a única pessoa que os tratasse com respeito e carinho. Em função disso, o maior ensinamento que adquiri lecionando em escola pública é que eu não posso em hipótese alguma, “lavar as minhas mãos”!
Mais do que tudo, eu preciso ajudar a sociedade de alguma forma, essa é a verdade. Não posso só pensar em mim mesmo, ou nas minhas conveniências ou interesses particulares. Acredito que precisamos pensar mais como uma coletividade e, principalmente, nas pessoas mais necessitadas.
O mais triste é que perceber que a maioria das pessoas que, realmente, poderiam ajudar está “lavando as suas mãos”.
Isso aconteceu com Pilatos que “lavou as suas mãos” para fugir ou eximir-se de sua responsabilidade perante Jesus Cristo. A decisão de libertar ou não Jesus estava em suas mãos. Jesus Cristo foi julgado e condenado à crucificação e, em seu lugar, foi solto Barrabás.
Em síntese, “lavar as mãos” é uma decisão com pouca ou nenhuma implicância moral, inclui descaso, indiferença, interesses pessoais e certa comodidade.
Infelizmente, isso é muito frequente em nossa sociedade e não acontece só na política.
Quando nós precisamos de alguém que nos ajude, quantas pessoas “fogem”, se fazem de desentendidos, ou seja, simplesmente, “lavam as suas mãos”?
Por isso, ouso dar um conselho: “Não lave as suas mãos, se você pode ajudar de alguma forma alguém”!
Tente fazer a sua parte de todas as formas, não para pedir algo em troca (pelo amor de Deus – não é essa a ideia), mas para mostrar a todos que você é um ser humano consciente de suas responsabilidades. Com certeza, isso lhe proporcionará uma paz de espírito invejável, ou seja, você estará em paz com a sua própria consciência (felicidade).

José Tejada
Professor universitário, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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