O “cabriteiro”
- José Tejada
- 6 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Na organização pública,“cabrito” significa assunto pessoal, ou seja, algo de caráter particular do servidor, que não tem nada a ver com o trabalho em si.
Logicamente, por uma questão ética e moral, no ambiente de trabalho devemos ter uma postura profissional, ou seja, prezar pelas tarefas relativas à nossa função específica em primeiro lugar.
Quando me tornei funcionário público de carreira (concursado),pude perceber que, muitos colegas meus, infelizmente, não pensavam dessa forma.Aliás, eu tinha um colega que era “cabriteiro” por excelência (risos).
Quando saíamos, em dupla, para realizarmos as nossas vistorias e fiscalizações, ele sempre se preocupava, em primeiro lugar, com os seus assuntos pessoais, Depois, se sobrasse tempo, aí sim, ele começava a fazer as tarefas relativas à sua função.
Para não entrar em conflito, eu dizia: Bom, vou te deixar aqui e fazer meu trabalho; depois que fizeres as tuas coisas, nos encontramos para voltarmos à prefeitura. Na verdade, essa era a única forma de conseguir trabalhar, sem comprar uma desavença ou briga com ele.
O mais engraçado é que ele, de vez em quando, me dizia: Mas não tens nenhum “cabritinho” para fazer hoje?
Eu respondia: Já fiz meus “cabritos” de manhã. Ele contestava: Nunca vi disso (risos)!
Logicamente, muitas vezes, ele não estava no lugar combinado e aí, eu voltava sozinho para a prefeitura.
Meu chefe que já conhecia a fama de meu colega, olhava para mim e dizia: O cara é complicado, hein Tejada? E continuava: É que nenhum setor queria ele e acabaram mandando-o para cá! Fazer o quê?
O mais triste é que meu chefe estava consciente da situação, mas nada fazia, ou seja, deixava as coisas,simplesmente,rolar.
Nas empresas privadas, infelizmente, também acontece isso, pois alguns funcionários estão mais preocupados com os seus assuntos pessoais, do que com os assuntos profissionais. Para exemplificar isso, é só analisar o uso do whats ou da rede social no ambiente profissional. Por isso, não pense que um colaborador que esteja concentrado e olhando atentamente para a sua tela de computador, esteja sempre trabalhando em prol da empresa (risos).
Logicamente, penso que nada se compara à gestão pública (analisando minha experiência específica), onde, geralmente, o fator pessoal ou de amizade impera e, por isso, muitas vezes, a cobrança é mínima. Não que seja muito diferente na gestão privada, já que são poucas as empresas verdadeiramente meritocráticas, embora nenhuma empresa admita isso.
Acima de tudo, penso que devemos prezar sempre pelo resultado e ponto final!
A questão pessoal sempre deve ficar em segundo plano, pois afinal uma organização competente sabe que o resultado é uma questão de sobrevivência.
Já a organização incompetente, prefere proteger seus amigos (puxa-sacos), mesmo arriscando a sua própria sobrevivência.

José Tejada
Professor universitário, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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