O perigo do Home Office!
- José Tejada
- 6 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
O fato é que pela pandemia muitas empresas tiveram que adotar o home office em sua estratégia de trabalho pelas restrições impostas pela mesma na questão do isolamento social. Na verdade, a pandemia quase que obrigou algumas empresas a adotar, de uma hora para outra, praticamente o trabalho à distância.
Em função disso, muitas empresas perceberam a enorme redução de custos com essa medida, afinal, muitos custos foram simplesmente reduzidos ou, até mesmo, eliminados como aluguel de salas, internet, ajuda de custo com deslocamento dos colaboradores e por aí vai.
Como consequência disso, muitas empresas mantiveram o home office, mesmo depois das flexibilizações adotadas pelos poderes governamentais.
Não vou entrar na discussão da redução de custos, pois a mesma é visível sem sombra de dúvida, porém, as empresas não podem esquecer que o relacionamento das pessoas no ambiente de trabalho (clima organizacional) influencia sobremaneira o desempenho das mesmas (sua motivação).
Quem já trabalhou em alguma empresa; penso que vai concordar comigo. Por mais problemas que enfrente uma empresa, uma das nossas maiores satisfações é o relacionamento proporcionado no ambiente organizacional. Ser parte de um grupo, penso é até uma necessidade ancestral do ser humano. Numa empresa, a organização informal (grupos de afinidades) exerce um papel fundamental na satisfação do colaborador. Por outro lado, no trabalho à distância, praticamente a organização informal é esquecida (negada).
Lógico, que o trabalho à distância diminui os deslocamentos dos colaboradores (existe uma economia de tempo), mas por outro lado, as relações humanas são negadas de certa forma.
Aqueles momentos de interação; conversas informais nos corredores ou na copa sobre os problemas na empresa, desabafos pessoais, almoços, happy hours, entre outros, simplesmente inexistem.
A realidade é que, mesmo não gostando de todas as pessoas de uma empresa, quase sempre, nós conseguimos formar o nosso grupo de afinidades, o que nos proporciona um sentimento de pertencimento, pois é baseado numa relação de apoio, companheirismo e, até amizade, em alguns casos.
E isso pode fazer uma enorme diferença no desempenho e, mesmo, na satisfação das pessoas em exercer o seu trabalho diário.
A verdade é que não podemos nos esquecer da experiência de Hawthorne feita por Elton Mayo em 1927, onde a conclusão resumida da mesma foi que, a produtividade de um grupo de trabalho, correlaciona diretamente com as relações sociais estabelecidas pelos seus integrantes.
Por isso, aconselho as empresas a pensarem nos prós, mas principalmente, nos contras na adoção do home office, afinal, a redução de custos pode ser simplesmente perdida pela diminuição da motivação (satisfação com o trabalho) e a consequente perda produtividade da equipe de trabalho.
Não podemos esquecer que o ser humano é gregário por natureza e que uma andorinha só não faz verão.

José Tejada
Professor universitário, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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