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O professor pitoresco!

  • Foto do escritor: José Tejada
    José Tejada
  • 27 de jul. de 2020
  • 5 min de leitura

Esse texto é uma homenagem a um professor que tive em meu colégio de segundo grau em São Leopoldo.

Pitoresco no dicionário significa algo que é excêntrico, inusitado ou interessante. Algo que chama atenção por sua particularidade e unicidade.

A verdade é que várias coisas engraçadas e interessantes aconteceram nas aulas desse meu antigo professor.

Certa vez, estávamos em plena época de copa do mundo de futebol, a turma toda estava esperando esse professor chegar à sala de aula e, enquanto isso, a conversa rolava solta, como era de costume, diga-se de passagem.

Aliás, minha turma, eu preciso admitir, era conversadora por natureza, além disso, era o nosso último ano de colégio (3º ano) e a maior “preocupação” era simplesmente passar no vestibular.

O professor entrou em aula e simplesmente começou a nos xingar. Ele disse: “Vocês só querem conversar! Não estão preocupados com nada, embora seja o último ano de vocês aqui no colégio! Sabe, estou cheio da turma de vocês! O que é que vocês estão pensando da vida”?

A turma toda olhou espantada para o professor, pois na verdade, toda a aula era a mesma coisa. Ele chegava e toda a turma estava conversando. Ele tinha sempre que pedir silêncio para iniciar a sua aula, mas ele nunca tinha perdido o controle emocional daquela forma. Então ele complementou: E tem mais; hoje, não vou dar mais aula para vocês! Podem ir embora agora!

Minha turma simplesmente ficou pasma com o que ele disse. Foi então que ele repetiu: Estou falando sério! Podem ir embora. Hoje não tem mais aula! E complementou: Além do mais eu quero assistir o jogo da Alemanha agora que vai passar na televisão!

Em função disso, acabamos indo embora mais cedo para casa. Quando cheguei em casa, meu pai me perguntou: O que aconteceu para chegares mais cedo da aula, meu filho? Eu respondi: O professor queria assistir o jogo da Alemanha e nos liberou (risos)! Meu pai olhou muito desconfiado, não acreditando no que estava ouvindo e, novamente, me questionou: Isso é mesmo verdade! Eu disse, me segurando para não rir: Sim pai!

O mais curioso é que a sala desse professor ficava perto das salas dos prés e jardins de infância, que, por sinal, soltavam um pouco mais cedo as crianças. Por isso, os pais das mesmas iam buscá-las, passando, logicamente, perto da nossa sala.

Na época, eu tinha um colega que era um bagunceiro por excelência e que, nessa aula, por acaso, sentava perto de mim. Ele era muito engraçado e tinha colocado um apelido em cada pai que passava para pegar o seu filho.

Um era o doutor, pois estava sempre de branco, outro era o executivo, pois estava sempre de terno e gravata e assim por diante. Tinha outro que o seu apelido era Wilson Tadei, que foi um antigo jogador do Grêmio (careca). Um dia comentei com o meu colega: O único que ainda não vi foi o Vilson Tadei. Ele me disse: Pode deixar que te aviso, quando ele aparecer, Tejada!

Passaram os dias e nada do Wilson Tadei aparecer. Eu até já estava desconfiado que era invenção desse meu colega que era bem “aprontão” em sala de aula. Foi quando em um determinado dia, o professor estava dando a sua explicação, quando o meu colega olhou para trás e, simplesmente, berrou no meio da aula: Tejada! Olha lá! O Vilson Tadei! Nesse momento, toda a turma virou de costas para o professor para ver o “Vilson Tadei” (muitos risos). O professor ficou fulo da vida e disse: Vocês ficam prestando nessas pessoas e, ainda por cima, dão apelidos às mesmas, criando personagens (ídolos)!

Eu sinceramente, não conseguia mais parar de rir daquela situação. Aliás, escrevendo agora, estou tendo a mesma reação.

Outra coisa pitoresca aconteceu com uma colega minha que, não me recordo direito por que, estava muito brava com esse professor e, por isso, fez um “teste” bem arriscado, eu diria. Ela fez um trabalho, não me lembro sobre que tema especificamente e colocou, em algumas partes do texto, frases completamente estapafúrdias. Ex. A função da mitocôndria é... mas que saco fazer esse trabalho. Além disso, a mitocôndria tem a função de... não aguento mais escrever e, assim por diante. O trabalho era bom, mas essas frases estavam totalmente fora do contexto e apareciam aqui e ali no trabalho.

Acontece que esse professor deu a nota máxima para ela! (risos). Vocês não fazem ideia a alegria da minha colega. Ela dizia com enorme satisfação: Ele não lê os trabalhos! Meu deu nota máxima! Kkkkkkkkkkk! Depois quer dar lição de moral na gente!

Esse professor também gostava de fazer suas previsões do tempo para o final de semana (estudava meteorologia por sinal), por isso muitas turmas, consultavam o mesmo para saber se fariam ou não as suas excursões. O mais engraçado é que ele nunca acertava essas previsões (risos). Verdade! Até que as turmas acabavam somente fazendo as suas excursões, se ele dissesse que iria chover (risos). Alguns colegas jocosamente diziam: Ele sempre acerta ao contrário. Eu só tinha pena da turma que ele era professor conselheiro, pois sempre a mesma acabava levando água no lombo, quando faziam as suas excursões (risos).

Para finalizar as coisas pitorescas que aconteciam com esse professor; cito uma prova que ele realizou no auditório do colégio.

Alguns alunos, inclusive, já tinham entregado a prova e eu me concentrando, pois era a última prova do ano e eu não estava muito bem “das pernas”, digamos assim (precisava de uma nota boa para passar). Foi quando explodiram risadas na frente do auditório. Eu olhei e não entendi nada. Vi alguns colegas rindo compulsivamente na frente do professor e outro com uma cara de tacho.

Depois me contaram que esse colega, com cara de tacho, foi entregar a prova com uma mão fechada e o professor perguntou: O que tens nessa mão? Ele abriu a mão e tinha um papel. O professor: Deixa eu ver isso! Bom, logicamente era uma cola!

O professor pegou a cola e, logicamente, os alunos que estavam por perto começaram a rir compulsivamente, não acreditando no que estava acontecendo.

Na verdade, esse acontecimento foi tão marcante que o meu colega de sobrenome alemão, passou a ser chamado por toda a turma de Xxxxcola! Hoje, com certeza, isso seria objeto de bullying ou de danos morais, mas os tempos eram outros. Inclusive, o acontecido foi até notícia do jornal do grêmio do colégio. O texto dizia mais ou menos assim: Um aluno do terceiro ano entregou uma “lembrança” da matéria junto com a sua prova, para mostrar que estudou, até mesmo durante a mesma. Pena que o professor não gostou!

O fato é que quase todo o professor, de uma ou outra forma, acaba marcando indelevelmente o aluno. Esse professor me marcou justamente por todos esses acontecimentos que foram mais do que pitorescos e engraçados. Quanto à sua matéria, preciso dizer que não me recordo de quase nada (risos).

De todas as formas, sou grato a esse professor que puxava as nossas orelhas, mesmo que nós não déssemos muita bola para isso.





José Tejada

Professor universitário, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite

 
 
 

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