Perdidos em Cacimbinhas!
- José Tejada
- 23 de jan. de 2020
- 4 min de leitura
Nas últimas férias fomos à Natal (RN). Como era a quarta vez que eu retornava àessa cidade, já tinha uma ideia bastante boa das melhores praias para se visitar.
Logicamente, quem vai à Natal não pode perder Genipabu e Pipa que são umas das mais famosas e belas praias brasileiras. Genipabu com o seu famoso passeio de buggy nas dunas móveis e Pipa pela sua beleza natural, simplesmente, exuberante.Também cito a praia de Maracajaú, com o seu maravilhoso mergulho nos corais.
Voltando à viagem; no quarto dia, agendei o passeio à praia de Pipa. Mesmo já conhecendo essa praia, minha expectativa era grande para rever essa bela praia do litoral do Rio Grande do Norte.
Entramos no ônibus e a guia se apresentou aos passageiros. No seu discurso inicial, falou de sua competência, dos elogios recebidos, de seus prêmios como guia e de que todos que já viajaram com ela indicaram outras pessoas ou repetiram a experiência em viajar novamente com ela. Foi uma apresentação que ela somente se exaltou em todos os aspectos.
Sinceramente não gosto muito de falar sobre minha pessoa, mais ainda enaltecer qualquer possível conquista pessoal ou profissional.Na realidade, sempre tive um pouco de dificuldade em conviver com pessoas que ficam espalhando aos quatro ventos que são maravilhosos em todos os aspectos, ou seja, tenho bastante dificuldade de me relacionar com pessoas arrogantes que se julgam muito superiores a todos nós simples mortais (risos).
Na verdade, tenho em mente de que um trabalho excelente não precisa tanto de muita de propaganda, pois ele fala por si mesmo!
Em função disso, essa guia não me causou uma boa primeira impressão, mas tínhamos agendado conhecer, sem dúvida nenhuma, uma das praias mais bonitas de todo o nosso país e tudo bem.
Em seguida, entrou um garçom de um restaurante de Pipa para fazer os pedidos. Também não gostei muito disso, afinal, Pipa tem uma gama enorme de restaurantes para o turista escolher.
Afinal, porque essa agência precisa obrigar o turista a almoçar nesse restaurante específico?
Como não gostei dessa postura, acabei não encomendando nada para o nosso almoço.
O nosso ônibus parou e descemos a falésia até a praia. Quando chegamos à praia percebi que Pipa estava muito, mas muito distante. Fiquei me questionando: Como não descer no centro de Pipa que apresenta uma ótima infraestrutura para o turista? Perguntei para a guia que praia era aquela. Sua resposta: Cacimbinhas.
Tudo bem. Nos pusemos a caminhar em direção à Pipa. Caminhamos mais de uma hora e meia e ainda estávamos muito distantes do centro de Pipa. Voltamos à barraca de praia em Cacimbinhas e rumamos para o bendito restaurante.
Agora estávamos na praia do Amor, vizinha de Pipa. Quando ingressamos no restaurante havia uma multidão para almoçar. Descemos novamente a falésia e conseguimos pela beira da praia, finalmente, chegar ao centro de Pipa. Almoçamos num restaurante na beira da praia, um peixe maravilhoso ao molho de camarões. Uma verdadeira delícia com um preço bem acessível (bem mais em conta do que aquele restaurante lotado). Depois do almoço, passeamos pelo centro de Pipa que também é muito bonito.
Quando estávamos regressando para pegar o ônibus de volta à Natal, a guia nos questionou sobre a nossa avaliação do passeio. Ela mesmo havia entregue o formulário de avaliação (risos).
Como ela não gostou da avaliação, ela aproximou-se para nos questionar. Aí, aproveitei para falar sobre o que eu não havia gostado. Porém, essa guia, simplesmente, não queria ouvir meu feedback ou seria um “feedbaque” (risos).
Sim! Percebi que ela tinha uma postura totalmente refratária às críticas, ou seja, o seu grande ego, não permitia que ela fosse questionada em qualquer aspecto. Inclusive, em duas ocasiões eu falei: Quem sabe tu me deixas terminar e depois eu posso te escutar!
Mas não adiantou, pois ela não queria simplesmente me ouvir.
Acredito que, logicamente, ninguém gosta de ouvir críticas, mas elas são fundamentais para o nosso crescimento pessoal e profissional, afinal, sempre, podemos melhorar em matéria de desempenho, já que ninguém é perfeito! Inclusive, até a crítica mais injusta pode fazer com que nos questionemos de alguma forma e melhoremos o nosso trabalho, essa é a verdade.
Acima de tudo, penso que precisamos saber internalizar as críticas para que a mesmas nos toquem e,principalmente, nos faça mudar. Nesse aspecto, a humildade torna-se fundamental, aliás, uma característica muito rara nas pessoas hoje em dia (risos).
Os questionamentos que eu tentei e não consegui fazer eram: Porque nos deixar tão longe de Pipa, se a praia possui tão boa infraestrutura, além das suas belezas naturais?
Segundo: Por que nos obrigar à almoçar em um restaurante específico, se temos as mais diversas opções no centro de Pipa?
Terceiro: Como posso ter um feedback verdadeiro, se eu mesmo distribuo e recolho os formulários de satisfação para os meus próprios clientes?
Independente disso, tivemos um dia muito agradável em Pipa, apesar da postura dessa guia que não me agradou nenhum pouco.
Mas é assim mesmo, pois afinal, de uma forma geral, precisamos melhorar muito ainda a nossa qualidade de atendimento ao turista, essa é a realidade. E para isso, precisamos ter a real capacidade de ouvir com muita atenção o cliente!
Além disso, as empresas precisam entender que é fundamental tentar estabelecer um marketing de relacionamento com o seu cliente, ou seja, ter a capacidade de reter o mesmo, objetivando sempre o seu encantamento (superação de suas expectativas). Só assim podemos pensar em fidelizar o cliente.

José Tejada
Professor universitário, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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