Reengenharia política
- José Tejada
- 14 de out. de 2020
- 3 min de leitura
No dicionário política quer dizer a arte ou ciência de governar; direção e administração de nações; prática de conduzir negócios políticos; cerimônia, cortesia, urbanidade. No sentido figurado, seria a habilidade no relacionar-se com os outros em vista da obtenção de resultados almejados.
Já a palavra reengenharia se refere a um processo de mudança radical, onde a empresa que se encontra em dificuldades, começa a questionar todos os seus processos internos.
Na verdade, a reengenharia é uma quebra de paradigma, onde a empresa tem a coragem de abandonar tudo aquilo que deu certo, mas, atualmente, não produz mais o mesmo resultado. A reengenharia se baseia na busca de novos métodos e processos que produzirão resultados drásticos de melhoria em custos, velocidade, atendimento, produto e serviço.
Reparem que, de uma forma geral, a política brasileira precisa melhorar (mudar) muito se levarmos em conta o verdadeiro significado da palavra.
Como trabalhei em uma organização pública, como funcionário de carreira (concursado), eu pude vivenciar muitas coisas que, sinceramente, nem imaginava que pudessem acontecer em uma organização.
A primeira coisa foi a grande falta da meritocracia. O que sempre prevaleceu foi a relação de amizade. Nesse contexto, a bajulação era simplesmente impressionante em todos os sentidos. Como consequência, para usar uma expressão da moda havia muitos “passadores de pano” que eram especialistas em encobrir os erros das chefias.
Depois me chamou muito à atenção a questão de troca de favores. O diálogo era mais ou menos assim: Faremos isso, tudo bem! Mas o que eu ganho em troca ou qual a minha parte na jogada? Infelizmente, sempre uma mão lavava a outra.
Também pude constatar que havia dinheiro, mas os investimentos, de uma forma geral, eram equivocados, ou seja, não atendiam os reais anseios da comunidade (atendiam os anseios da administração).
Outro aspecto interessante era o inchaço da máquina. Muitas pessoas não tinham uma função definida ou pouquíssimas tarefas a realizar. Além disso, setores que precisariam de três ou quatro pessoas estavam com 10 ou 12 pessoas e tudo bem.
Também ficou muito clara a falta de conhecimento específico para os secretários que deveriam ser, a meu juízo, escolhas técnicas.
Por isso, meu chefe que tinha a formação de relações públicas e comandava o setor de fiscalização urbanística. Já o nosso secretário de obras, na época, não tinha formação acadêmica. Era músico nativista (nada contra os músicos nativistas).
Nesse contexto, reparem; o que eu posso esperar de uma gestão pública, eu pergunto?
Mais do que isso; como podemos administrar bem uma cidade com esse estado de coisas?
Claro que a minha amostra é muito pequena. De uma única prefeitura. Mas eu pergunto: será que não existem mais prefeituras que se encontram nesse contexto?
Agora estamos nos aproximando das eleições. Apesar da situação de nosso país, tenho alguma esperança que as coisas possam mudar de alguma forma. O fato é que precisamos renovar ou fazer uma verdadeira reengenharia política, eu diria.
Não temos mais como votar nos dinossauros (macacos velhos) da política ou mesmo nos seus filhos ou parentes. Esses “políticos”, infelizmente estão muito acostumados com as benesses (privilégios) do poder e, sinceramente, acredito que não vão acrescentar nada de novo ou diferente.
Principalmente, ouso aconselhar; não acredite em promessas mirabolantes (saúde, segurança, educação, etc.) ou em discursos demagógicos; analise, principalmente, o comportamento (caráter) dessa pessoa e a sua vida pregressa.
Aliás, tenho esperança, porque vejo muitos ex-alunos meus sendo candidatos. E o melhor; esses ex-alunos estão, pela primeira vez, tentando ingressar na política (não são políticos de carreira).
A princípio, sinto que eles querem mudar o status quo. São pessoas idealistas que possuem uma profissão e estão cansados de ver tanta coisa errada na política.
Além disso, são pessoas que estão conscientes de que o recurso público deve ser muito bem investido (cuidado), pois sai do bolso de todos os contribuintes, independentemente do seu poder aquisitivo ou nível de vida (os impostos são arrecadados de toda a coletividade).
Acima de tudo, pense muito bem em quem você vai votar; o nosso voto é a nossa melhor “arma” para mudar um país, se for dado com consciência e muito critério.

José Tejada
Professor universitário, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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