Sociedade Coringa
- José Tejada
- 22 de out. de 2019
- 2 min de leitura
No final de semana que se passou, fui assistir a esse filme tão comentado pela crítica. Particularmente, gostei muito do filme.
Inicialmente, percebi que o Coringa era uma pessoa muito deslocada da sociedade, mas ele queria se encontrar. Porém, como aparece no filme, ninguém queria ouvi-lo, nem mesmo a sua psicóloga. Nesse instante, é muito perceptível, o sofrimento do personagem, pois ele não era aceito pelas pessoas, de uma forma geral, já que era objeto de todo o tipo violência.
Esse sofrimento foi aumentando no decorrer do filme, até que o Coringa verdadeiramente surtou ou “explodiu”. O fato é que o sofrimento, segundo a psicopatologia do trabalho, é uma defesa da loucura, ou seja, sofremos para não enlouquecer. De outra forma, o sofrimento do Coringa atingiu tamanha expressão, que ele, verdadeiramente, perdeu a razão ou enlouqueceu. Nesse instante, surge um personagem psicótico, ou seja, que imaginava coisas que, simplesmente, só existiam em sua mente (sua “namorada”).
Para piorar ainda mais a situação, ele se tornou também um psicopata, pois planejava o que iria fazer com uma frieza invejável. Além disso, a essa altura do filme, ele, literalmente, estava se divertindo, pois não existia mais sofrimento, já que ele havia simplesmente enlouquecido.
Acredito que o filme nos passa uma mensagem de que devemos ser mais empáticos com as outras pessoas, pois não sabemos que dificuldades e reveses que as mesmas já passaram ou estão passando em sua vida (sua história de vida).
Além do mais, fica claro no filme, que as pessoas que faziam maldades com o Coringa eram tão ou mais desequilibradas do que ele, mas como tinham alguma posição social (dinheiro), eram aceitas pela elite. Por isso é que quando ele matou aquelas pessoas no metrô, ele se tornou um “herói”, pois as pessoas que estavam à margem da sociedade (os excluídos), acabaram, de alguma forma, se identificando com ele (com o seu sofrimento) e se sentiram vingadas pelo Coringa.
Acima de tudo, penso que o filme promove uma boa reflexão sobre os valores atuais de nossa sociedade, onde muitas pessoas, simplesmente, não são ouvidas (excluídas) e, muito menos, consideradas como verdadeiros seres humanos.

José Tejada
Professor universitário, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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