A transferência no processo de psicanálise
- José Tejada
- 5 de out. de 2022
- 2 min de leitura
Ao longo do processo psicanalítico pode acontecer a chamada transferência. Essa transferência acontece quando o paciente vê em seu analista a reencarnação de uma pessoa importante em sua vida, de seu passado e, por isso, transfere sentimentos e reações que dizem respeito a essa pessoa.
É importante comentar que essa transferência é de grande valor e importância para todo o processo psicanalítico por um lado e, de alguns perigos, também.
O fato é que essa transferência, muitas vezes, é ambivalente, ou seja, inclui tanto atitudes e comportamentos ternos e positivos como negativos ou hostis.
Nessa transferência, geralmente, o psicanalista é colocado em lugar de um dos pais do paciente (pai ou mãe).
Logicamente, enquanto a transferência é positiva, a mesma nos presta uma enorme ajuda na terapia como um todo, pois melhora sobremaneira a exploração do conteúdo presente no inconsciente do paciente que vem à tona, muitas vezes, com toda a sua força.
Em função disso, essa transferência vai se configurar numa catarse, proporcionado, muitas vezes, a cura do sofrimento, ou seja, uma posterior vida mais saudável para o paciente. De outra forma, a transferência positiva nos presta um grande serviço para o processo de psicanálise, pois é a mola propulsora da colaboração do paciente, ou seja, o seu ego se fortalece pelo sentimento expressado com relação ao psicanalista.
Além disso, se o paciente coloca o analista no lugar de seu pai (mãe), ele concede ao analista o poder do seu superego (formado pela grande influência dos pais). Assim, o novo superego pode ter o poder de corrigir eventuais erros na educação proporcionada pelos pais.
Logicamente, o psicanalista deve sempre respeitar a individualidade do paciente, ou seja, não tentar moldá-lo, conforme a sua própria vontade.
O mais interessante é que, depois de uma transferência positiva, pode acontecer justamente o contrário, pela questão da ambivalência presente (amor e ódio).
De outra forma, pode ocorrer uma transferência negativa, que inclui sentimentos de revolta e agressividade, em relação a um dos pais, que são canalizados para o psicanalista.
Nessa guerra ambivalente, se a transferência negativa predominar, os resultados obtidos com a transferência positiva podem evaporar como o orvalho da manhã.
Nesse caso, muitas vezes, o paciente acaba desistindo da terapia, pois vê, em seu analista um inimigo ou adversário e, inconscientemente, acaba optando por um afastamento repentino da terapia.

José Tejada
Professor universitário, psicanalista, escritor, palestrante e coach, jrcdteja@ucs.br, Https://jrcdteja.wixsite.com/meusite
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